28 de junho de 2015

CRÍTICA: Mad Max: Estrada da Fúria

Mad Max: Fury Road, 2015, George Miller

Por Mariana Brandão


Insano. Foi a primeira coisa que pensei quando os créditos de Mad Max Estrada de Fúria começaram a subir. Um filme completo, com emoção do primeiro ao último segundo, dialogando com a força da presença feminina na sociedade atual, com uma atmosfera ligada aos antigos filmes. Max Rockatansky segue à procura de sua redenção e é disto que o filme trata: a busca em compensar os erros do passado.

É inevitável sentir o desespero de Max em relação ao seu passado no início do filme, quando se apresenta ao espectador. Os fantasmas daqueles que ele deixou de salvar atormentam sua jornada, sendo um fardo a todo o momento. Entretanto, apesar de ser o personagem que dá nome ao filme, e a toda a sequência, Max parece ser apenas um coadjuvante, enquanto a saga retratada na história é a da Imperatriz Furiosa, mulher forte e significativa para Cidadela, único lugar num planeta pós-apocalíptico em que há uma chance de viver – fato esse que é essencial para a resolução da trama. Contudo, se enganam os que pensam que Mad Max Estrada da Fúria é a história de Furiosa, quando é, na verdade, a jornada de redenção de Max e, por conseguinte, de Furiosa.

O que talvez tenha me deixado mais impressionada, além do conjunto do filme em si, foi o cuidado de tratar a trilha sonora como um elemento diagético poderoso para identificar certos momentos na trama. A guitarra e os tambores tocados por seres "meia-vida", que acompanham as máquinas de guerra durante as perseguições, dão um aviso de que os guerreiros estão chegando. Até mesmo é acentuada quando o ápice das batalhas surge, intensificando a emoção do filme. De fato, o “meia-vida” que toca guitarra tornou-se um ícone cômico da obra, pois, com uma grande perseguição acontecendo e uma enorme matança, quem iria se preocupar em tocar música?

Com o roteiro bem construído, organizando narrativamente e trazendo elementos que vão ajudar os personagens em certos momentos da história, e com uma linearidade essencial para um filme de ação, é possível perceber todos os pontos de virada importantes, já que são bem delineados, assim como o propósito de cada personagem e suas ações. O sensacionalismo digno de blockbuster fica por conta das grandes explosões, amplos cenários – o filme foi gravado no deserto Namib, no sudoeste africano –, que lembram até mesmo os filmes do gênero Western, tanto na fotografia como no tema (a perseguição, nesse caso), e o romance (tosco) que se desenrola no meio da obra – protagonizado por Nicholas Hoult, conhecido por seus papéis de jovem em crise como em Meu namorado é um zumbi e Skins, na pele de Nux –, mais como uma tentativa de dizer ao espectador que ainda existe amor entre aquelas pessoas em condições sub-humanas.

Ainda com todas suas boas características, Mad Max Estrada da Fúria tem seus momentos clichês, como na cena em que Immortan Joe pega seu carro e dirige em busca de uma das suas esposas. A cena é, basicamente, um plano marcando a face de Immortan, com um rápido zoom in na partida do veículo: clichê que lembra filmes como os clássicos hollywoodianos, com cenas frontais do motorista no carro, mas com um toque de ação de filmes como Velozes e Furiosos.

Alguns podem até destacar a importância dada à Imperatriz Furiosa, chamando o filme de feminista, mas não acredito que chegue a ser uma apologia. Dentro do universo do enredo, as mulheres férteis são os bens mais importantes, juntamente com a água ("Não se tornem viciados em água, vocês sofreram na ausência dela"), o que faz de Furiosa uma das personagens centrais, já que é ela quem vai se arriscar a contrariar Immortan e salvar as mulheres. Destacaria, portanto, a força da presença feminina no filme, revelando a importância do gênero para a sociedade e até fazendo uma reflexão de como elas estão sendo tratadas atualmente. Furiosa se tornou uma das minhas personagens favoritas e uma inspiração de fato.

Para quem tiver chance ver em 3D e IMAX: vá. Apesar de o filme ser igualmente bom sem esses recursos, a experiência se torna mais intensa com eles. Definitivamente um dos melhores filmes do ano e uma obra excepcional de George Miller, que há tempos planejava uma continuação para a sequência, mas vários obstáculos lhe impediram de conseguir. 

Mad Max já é uma das maiores bilheterias do cinema e, não por isso, mas sim pelos motivos acima escritos, vale a pena ser visto.

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