Jurassic World, Colin Trevorrow, 2015
por Victor Leite
Sobre uma sucessão de erros
O que um filme de ação deve ter para chamar a atenção do público? Cenas que te deixam na ponta da cadeira e que te fazem prender a respiração? Vilões fortes que oferecem perigo aos protagonistas? Personagens que você se importa? Bem, não perguntem a Jurassic World, por que ele está cheio das respostas erradas.
Estrelando Bryce Dallas Howard como Claire, a gerente de operações do novo parque dos dinossauros, localizado numa paradisíaca ilha da Costa Rica, e Chris Pratt como... o mocinho bonito e aventureiro (ele já fez esse papel em Guardiões da Galáxia), o filme realmente não se preocupa (ou não consegue) desenvolvê-los ao ponto de você se preocupar com eles. A figura do vilão, ou a tentativa de se criar uma, é pifía. Todos os personagens se tornam caricaturas, reduzidos às suas funções básicas do enredo e impossibilitados de transcedê-las.
De fato, um dos maiores problema desse filme parece ser o roteiro. Com um enredo que toma emprestado várias sacadas do primeiro filme da série, de 1993, podemos pensar nele como uma tentativa de atualizar a franquia para um público mais jovem. Se percebemos ao longo do filme uma dúzia de saídas fáceis e soluções que não fazem sentido para os conflitos apresentados, o entretenimento que o filme deveria proporcionar acaba não se concretizando. Algumas situações que deveriam servir como escape humorístico chegam a beirar o ridículo. A preferência dos meninos a ficar com o mocinho, mesmo depois de Claire se mostrar tão capaz quanto (e ser a TIA deles!), ou até mesmo o salto inquebrável da heroína, que o usa até o final do filme, seja pra andar na floresta, dirigir um furgão ou correr de dinossauros. Talvez o Universo Marvel tenha tido um crossover com Jurassic World: provavelmente o salto era de adamantium.
Sendo o filme que faturou um bilhão de dólares mais rápido na história do cinema, é pertinente se perguntar que tipo de blockbusters o público está mais interessado em assistir. Mad Max: Fury Road, um filme de George Miller bastante elogiado pela crítica e público no ano de 2015, conseguiu pouco mais de 350 milhões de dólares mundialmente, enquanto os números de Jurassic World só aumentam a cada dia. Embora os efeitos especiais e a trilha sonora ainda consigam empolgar, existe muito pouco conteúdo pra uma técnica eficiente.
PS.: Segue um texto muito interessante sobre o filme e sua abordagem sobre as personagens femininas do longa, outro aspecto bastante problemático: Why Jurassic World doesn't deserve Claire Dearing (or her high heels)
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